A cortiça continua a abrir caminho para novas interpretações no design contemporâneo. O CORK CROSS, um objeto que combina estética minimalista com funcionalidade, foi recentemente apresentado no Pavilhão da Lituânia na 19ª Bienal de Arquitetura de Veneza, um dos eventos mais relevantes do calendário internacional da arquitetura.
Esta peça evidencia como a cortiça pode assumir um papel central em soluções modulares, sustentáveis e visualmente distintivas.
Uma peça, duas formas, infinitas possibilidades
O CORK CROSS parte de um princípio simples: duas peças idênticas, com 10 cm de espessura, que se encaixam entre si de forma intuitiva.
Dispensa parafusos, colas ou qualquer sistema de união adicional. A montagem é direta e o resultado é estruturalmente sólido e surpreendentemente leve.
A sua geometria e a textura natural da cortiça conferem-lhe uma presença discreta, mas marcante: um objeto que alinha desempenho, eficiência no fabrico e com foco na sustentabilidade.
Um projeto desenvolvido em colaboração internacional
Criado pela designer Sandra Kasperavičienė, no âmbito do Creative Interdisciplinary New European Bauhaus Research Centre (NEB) da Vilnius Academy of Arts, o CORK CROSS nasce de um processo colaborativo que reúne diferentes perspetivas sobre design, materiais naturais e inovação sustentável.
O projeto contou com a curadoria e orientação da Dr. Jūratė Tutlytė, com o apoio da equipa do NEB Research Centre, e integrou também a participação da Amorim, que assumiu um papel central no desenvolvimento e fornecimento da cortiça utilizada, contribuindo para explorar novas aplicações e validar o comportamento do material nesta abordagem modular.
A produção do protótipo ficou a cargo da FITSOUT, completando uma parceria internacional que permitiu testar métodos, aprofundar processos e dar forma a um objeto que articula rigor técnico com sensibilidade estética.
Em Veneza: uma peça pensada para ser usada
No contexto da exposição “Archi / Tree / tecture”, as cadeiras CORK CROSS foram integradas no próprio funcionamento do pavilhão. Serviram de assento para visitantes e participantes em vários momentos, permitindo testar a sua resistência e conforto em situações reais.
Este contacto direto com o público abriu caminho para novas fases de desenvolvimento, incluindo estudos de aplicação mais ampla e potenciais adaptações da peça a diferentes contextos, desde espaços culturais a ambientes educativos.
Um projeto que continua a ganhar forma
O momento vivido na Bienal funcionou como um laboratório vivo para o CORK CROSS, revelando a pertinência da cortiça no design modular. Este primeiro protótipo é apenas um ponto de partida: o trabalho segue agora para novas etapas de experimentação, onde serão testadas adaptações, formatos e contextos de utilização.
A ambição é clara: compreender como a cortiça pode assumir um papel cada vez mais relevante em peças funcionais, sustentáveis e com identidade própria.
Créditos fotográficos: Darius Gumbrevičius